Powered By Blogger

Total de visualizações de página

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

HOMENAGEM AOS MINEIROS DE SANTANA

Devemos sempre fazer memória de nossas perdas, lembrando com saudades dos 31 mineiros mortos em 09 de setembro de 1984, em Santana-Urussanga-SC. Heróis que ajudaram a construir a história de Santana. “A imagem sempre viva de um herói” que não temia a “treva subterrânea”. Do “soldado heróico do labor constante”. Essa é a imagem que devemos guardar em nossa memória do “destemido trabalhador” que foram.

Segue a poesia de Mário Belolli e José Pimentel, que retrata a vida de um mineiro:

Tu és na sucessão das horas lentas
A imagem sempre viva de um herói,
Que a história cada vez mais ilumina
E a voragem do tempo não destrói

Teu corpo suarento e empoeirado
Esgueira sinuoso a galeria,
A treva subterrânea indiferente
Ganhando alegre o pão de cada dia.

Soldado heróico do labor constante,
Que o mundo bronze forças a cantar,
Acende a luz do teu gasômetro
E vem nosso destino iluminar.

Os trabalhos nas minas são sempre lembrados como destruição e “morte aos pulmões”, como “tosses abafadas”, “soluços sufocados”. O nosso Padre Agenor Neves Marques chamava as galerias de “Sinuosas catacumbas enxofradas de pirita”, vejamos o poema deixado pelo saudoso Monsenhor Agenor Neves Marques:

(...) No charco das galerias,
Sintuosas catacumbas
Enxofradas de pirita,
Aspiro a nuvem maldita,
Que penetra disfarçada
Levando a morte aos pulmões.

Há mil tosses abafadas,
Mil soluços sufocados,
Quando a rafa faz o corte
Entre gemidos de morte,
Que perpassam como espectros
No rumor das explosões (...)
O mineiro trabalha sobre tensão nas galerias escuras, a morte espiona, ameaça e mata. As minas de carvão e o trabalho tenso dos mineiros também foram fontes inspiradoras para os poetas, conforme descreveremos abaixo a letra de um poema escrito por Alvino Cabral, que trabalhou em minas de carvão, com a poesia chamada “A vida do mineiro”.

A VIDA DO MINEIRO

Triste vida de um pobre mineiro
Que trabalha com muita tensão
Descendo pro fundo da mina
Sem saber se volta ou não

Botando o pé na gaiola
Já leva uma vela na mão
Deixando a família em casa
Esperando ganhar o pão

Chegando ao fundo da mina
Larga a cesta e sai trabalhando
Logo vê o estralo da madeira
É sinal que está recalcando

O coitado como é tarefista
O perigo ele vai enfrentando
Ali mesmo ele fica esmagado
Pelas rochas que vem desabando

Na boca do poço um sinal
Anuncia um desastre que deu
O guincheiro puxa devagar
Anunciando o que aconteceu

Tirando de dentro de um carro
O mineiro todo espedaçado
Logo vem a família correndo
Abraçando o seu corpo gelado

No outro dia pelos bares
Só se ouve o dizer dos mineiros
Lamento num aperitivo
Perdemos mais um companheiro

A sua família enlutada
Sentindo a separação
Está é a vida do mineiro
Que trabalha debaixo do chão

Podemos concluir, através dos poemas acima, que o trabalho em minas de carvão é extremamente penoso; que abreviou a morte de muitos pais de famílias que em nome do progresso e, sobretudo, pela ganância inconseqüente dos mineradores resultou numa destruição total. Santana foi tão destruída que com a passagem da Marion foi comparável a uma guerra nuclear, os rios, solo, ar e seres humanos foram violentamente dilacerados pela ganância incontroláveis dos mineradores.

Santana um paraíso verde foi transformado num inferno de crateras e erosão. Quantos colonos tiveram que abandonar suas terras e verem seus parreirais de uvas, suas hortas morrem.

Atualmente o que podemos perceber é que a atividade da mineração do carvão em condições tão insalubres está perdendo a importância que teve outrora. Será que precisaria existir mineração de carvão? Valeu a pena tanto trabalho, tanto esforços, tantas mortes, tanta poluição e destruição do meio ambiente para empobrecer os mineiros e enriquecer as mineradoras. Não sabemos responder, a realidade está nos mostrando o estrago feito pela mineração do carvão por onde quer que haja mina.

Enfim, criou-se uma legislação preocupada em proteger o Meio Ambiente.

Amigos de Santana.


Um comentário:

  1. para quem não vive da mina é facil criticar,a mina mata?mata se olhar o tempo de mineração pelo tanto de mortes que aconteceram não chega nem aos pes de um acidente de onibus ou avião,trabalhamos sim sempre com receio mas se vc trabalha de moto ou vai com o transporte da firma não tem receio mas o perigo se torna quase o mesmo

    ResponderExcluir