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quarta-feira, 9 de novembro de 2011

AS IRMÃS BENEDITINAS DA DIVINA PROVIDÊNCIA

As irmãs Beneditinas da Divina Providência assumiram missão  importante na vila operária  de Santana, nas décadas de 50/60, ou seja, fizeram parte da época do ouro em Santana: Irmã Emanuelle, Irmã Honorina (vinda da Itália) e Irmã Egidia, que atendendo aos apelos dos donos da – MINERASIL - Mineração Geral do Brasil, na pessoa do Sr. João Gabriel Macari, foram prestar assistência social as família mineiras da vila operária de Santana. Eram contratadas, inclusive com carteira assinadas e segundo nos afirma a irmã Emanulle (85 anos): “Naquela época recebia-se um bom salário”.  Conta-nos ainda a Irmã Emanuelle que: “além do salário recebido todo mês, os donos da MINERASIL manifestavam seus reconhecimentos aos trabalhos prestados por elas com gratificações de finais de cada ano de trabalho.”

A missão das irmãs era: orientar, educar e disciplinar as famílias de acordo com os ensinamentos bíblicos, sempre sob a orientação do SESI e os conselhos dos mineradores da MINERASIL.

Contou-nos a Irmã Emanuelle, 85, anos, que aceitou o convite do dono da MINERASIL para prestar assistência social às famílias dos mineiros em Santana, porque era um trabalho que estava de acordo com a sua formação religiosa, pois as famílias eram desprovidas de tudo. Não tinham médicos, não tinham assistência religiosa, lhes faltava tudo. Disse que o dono da MINERASIL entrou em contato com o SESI  e pediu para elas irem trabalhar com as famílias de Santana.

As famílias eram numerosas e como as casas eram muito pequenas, elas reivindicaram junto aos mineradores casas com mais quartos a fim de acabar com o “amontoado” de filhos e pais num mesmo quarto. Com a ajuda das irmãs as próprias famílias começaram a construir um “puxadinho” rente a casa para morarem. A mineradora oferecia as madeiras e os donos construíam o seu “puxadinho”.
Alunas do curso das irmas.
Exposição dos trabalhos feitos.

As irmãs ensinavam tudo para as famílias, inclusive a terem o seu próprio “quintalzinho de verdura”, seu “jardinzinho”. Não havia separação e nem cercas nas casas.

Através do SESI, as irmãs também ofereciam uma série de cursos manuais, exclusivamente paras as mulheres de Santana, sempre com o objetivo de torná-las donas-de-casa excelentes, mães, esposas e filhas que soubessem cumprir o seu real papel na sociedade.
Outro grupo de alunas das irmãs

Os cursos ensinados pelas irmãs eram: cortem de costura, bordados, culinária, medicina caseira, tricô, crochê, educação para o lar. Com isso muitas mulheres se tornaram profissionais, vindo a confeccionar trabalhos manuais para fora, vindo pessoas da região e até mesmo de Florianópolis a contratar trabalhos de bordados, lençóis e enxovaizinhos de neném em Santana. Trabalhos que eram muito bem feitos.
Dia de formatura.

O dia de formatura destes cursos era comemorado com grande estilo e solenidade oficial. Participavam, além das alunas e familiares, as autoridades do SESI e mineradores acompanhados de suas esposas.
Dia de formatura, aqui a irmã Egidia, entregando o diploma de corte costura para Zélia Constâncio.

Irmã Egidia, entregando o diploma para Coca Urbano.

As irmãs Emanuelle, Honorina e Egidia, trabalharam em Santana entre 1959 a 1964, ou seja, até a venda da MINERASIL para a CCU.
Outro grupo de alunas das irmas.

Santana foi construída em torno da MINERASIL - Mineração Geral do Brasil, mais tarde incorporada pela Companhia Carbonífera de Urussanga-CCU (atualmente empresas Rio Deserto Ltda). Tão logo incorporada pela Companhia Carbonífera de Urussanga-CCU, as irmãs que tantos benefícios prestaram à vila de Santana foram mandadas embora, sem quaisquer argumentos que pudessem justificar suas permanências em Santana. Os novos compradores da MINERASIL, não aceitaram que elas permanecem na vila de Santana, inclusive transformaram suas residências em casa de moradias para os Engenheiros das minas. Esta será uma nova história a ser contada.

PROGRESSO X PROBLEMA SOCIAL


Santana, nas décadas de 1940/1950, confrontou-se com dois cenários unidos pelo progresso e pelos problemas sociais, que marcaram épocas.

O progresso propiciado pela extração e comercialização do carvão que gerava riqueza para o município, como nos conta Valmor de Bona Sartor: “- quando era época de pagamento desciam ônibus lotados dos moradores de Santana que iam fazer compras no comércio de Urussanga”.  Dizem, inclusive, que Urussanga existe, graças à vila operária de Santana. Todas as decisões políticas importantes da região carbonífera eram decididas em Santana.

O problema social decorrentes das péssimas condições de trabalho e moradia da classe operária mineira.

O outro lado do progresso era registrado com epidemias, mortalidade infantil, crianças abandonadas e acidentes na mineração que preocupavam a população da região e do estado.

Para amenizar a situação por que passava a vila operária de Santana, foi criada um Plano de Assistência Social que estabelecia programas distintos para meninos e meninas, homens e mulheres, evitando desvios que eram considerados perigosos, tornando menos árduo com a chegada das irmãs beneditinas da divina providência na vila operária de Santana, contada numa nova história.

domingo, 2 de outubro de 2011

IOLANDA BARBOSA


Landa como era por nós, carinhosamente, chamada tinha luz própria, inovadora, alegre e feliz. Um ser humano com elevada sensibilidade social. Grande idealizadora. Teve indiscutível importância nos encontros dos amigos de Santana.

Landa

Em 20 de junho de 2004 fizemos um encontro em Santana, onde ela se despedia em grande estilo, do jeito que mais gostava: festa e muitos comes e bebes. No âmago, já sabia que não mais retornaria a terra querida em que a viu nascer, crescer e partir. Sim, em 03 de outubro do mesmo ano, Landa partia para a eternidade, ficando para sempre em nossos corações sua inesquecível lembrança.

Família

Iolanda Barbosa nasceu em Santana, município de Urussanga, no estado de Santa Catarina, em 20 de janeiro de 1954. Era filha do comerciante Nascimento Horácio Barbosa e de sua esposa, a dona de casa Anita Albino Barbosa. Tinha mais sete irmãos: Maria Barbosa (conhecida como Maria Bonita), Ângelo Barbosa (o Gilo, fotógrafo), Clair Barbosa (China), Valdir Barbosa (Piá), Altair Barbosa (Taizinho), Valentina Barbosa (Tina) e Albalija Barbosa (Lija).

Foto recente dos irmãos. Faltando o Taizinho que está fora da cidade.

Toda a família: pais, irmãos, irmãs, noras, genros e sobrinhos foram sempre muito unidos e a casa em que viveu com a família, em Santana, sempre cheia de netos e filhos dos pais, o casal Anita e Nascimento, verdadeiros patriarca e matriarca pelo carinhoso tratamento dado a suas relações familiares. Tratamento este herdado pela filha Landa, que colocava a família e os amigos acima de tudo. Por isso, sempre rodeada de sobrinhos e amigos.

Estudos, viagens e Caixa Econômica Federal

Cursou o primário no grupo escolar Lucas Bez Batti, o Ginasial no Ginásio Santanense 22 de outubro e o segundo grau no colégio Rainha do Mundo, em Urussanga-SC.

Amigos do ginásio, em Santana: Mara Rubia Barbosa, Benigno Tavares, Joariza de Bona Sartor, Edi Gomes, Iolanda Barbosa (in memorian), Dirlei Maciel, Ilda Guaglioto e Dario Venceslau. Foto de dezembro de 1971.

Tinha fascinação pelas artes que chegou a cursar em Criciúma, a faculdade de Artes Plásticas.

Landa em uma das representação do curso de Artes, da UNESC.

Viajar era sua paixão. Conhecer países diferentes, fazer novos amigos, sentir as cores, sabores, sotaques, danças e tradições de cada lugar em que chegava a extasiava. Razão de nunca perder oportunidade de novas viagens.

Em uma de suas viagens.


Com uma amiga em outra de suas viagens.

Trabalhou por mais de 20 anos na Caixa Econômica Federal, em Criciúma.

Morte

Iolanda Barbosa faleceu no dia 03 de outubro de 2004, aos cinquenta anos de idade, em decorrência de um câncer. Há 7 (sete) anos.

Encontro dos amigos de Santana

Há tempos, Landa, Tina e eu (Fátima) vínhamos pensando numa maneira de reunir o pessoal que nasceu, morou ou passou por Santana, como? A idéia inicial seria em uma festa de igreja, vez que moramos em Criciúma e ficaria díficil o deslocamento para a organização. Com o falecimento da Landa em 2004, paramos meio que desanimadas. Em 2009, eu e Tina, decidimos levar a idéia à frente e partimos para a solução.  A solução seria juntar os dois, a festa da igreja e o encontro dos amigos. Decidimos então pela festa do Sagrado Coração de Jesus, que acontece todo ano na primeira quinzena de junho. Tentamos, para alívio interior, além de resgatar uma festa que já estava se apagando na memória dos ex habitantes de Santana, também resgatamos os encontros das famílias e juntamos os amigos de Santana.

Homenagem

Em suma, Landa foi um ser humano sem medidas que daria para escrever um livro, mas ficamos por aqui.  Hoje, sete anos de seu falecimento, a homenagen de todos os amigos de Santana.



NOS TEMPOS DA SAIA PLISSADA

Era muito bom ver as jovens desfilando pelas ruas de Santana de saia plissada. Elas nasceram lá pelos anos 30, mas foi no final dos anos 50 e 60 que as saias plissadas viveram seu auge. Qual mocinha de Santana não desfilou pelas ruas com uma saia plissada, hein!

Para mim, como para muitas, a saia plissada recorda um pouco dos tempos de colégios. Foi muito adotada por uniforme de escolas mundo afora. Em Santana, nosso uniforme era uma saia com pregas ou plissada azul marinho com uma camisa branca, bordado o nome do colégio.

Joana de Bona Sartor, Coca Urbano e Sidney Cuker,
passendo pelo campo do Minerasil, dos anos 60.


A verdade é que, revendo as fotos dos amigos de Santana e vendo a Joana de Bona Sartor, a Coca Urbano e a Sidney Cuker, passeando de saia plissada pelo campo do Mineral, levou-me à terra natal, tomada pelo saudosismo dos anos 60.

Feminina, sensual,  elegante e nostálgico, assim eram  as saias plissadas que  davam um ar de feminilidade às mocinhas de Santana.

É bom curtir a volta das saias plissadas e ver como à moda dá volta e mistura época e conceitos diferentes.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

OS BAILES EM SANTANA


Santana também teve o glamour dos anos 50 e 60, salões, orquestras, cantores, perfume Lancaster, bobs, laquê, saias plissadas, camisas voltam ao mundo, o cuba libre e as mocinhas acompanhadas de seus pais. Foi um tempo de ouro, vivido por nós santanenses.

Momentos inesquecíveis foram os bailes de Santana. Esperados com muita euforia que envolvia e contagiava toda a vila operária. As moças se preparavam com vestidos com muitas rendas, veludos e sedas. Os cabelos arrumados com bobs e muito laquê. Os rapazes impecáveis, sapatos brilhando, gravatas, cabelos com brilhantina. Ah! E o perfume Lancaster que não podia faltar.  

Os bailes eram a chance das mocinhas e rapazes se encontrarem e se conhecerem, onde tinham a oportunidade de dançar junto, de rosto colado, ao som de uma linda melodia, em uma harmonia que associava o romantismo e o companheirismo.

Nossos amigos santanenses, Francisco de Assis Damas, dançando com Valdeci Felintro, em um baile, na sede do Minerasil Futebol Clube, ao som dos Vibrantes.

O dançar de rosto colado somente depois de algum tempo de conhecimento, mas sempre tinham aqueles apressadinhos que queriam de imediato, dançar com o rostinho colado e tentavam atracar a pretendente pela cintura, levando um baita fora.

Na sede do Minerasil Futebol Clube e no clube 09 de julho do seu Joaquim Venceslau, em Santana,  os bailes nos anos 60 eram animados com as músicas ao som dos conjuntos: American Night, os Brasões, os Lideres e os Vibrantes.

Os Vibrantes, conjunto santanense da época, em um baile na sede do Minerasil Futebol Clube.

Os Vibrantes formados pelos jovens santanenses: Pedrinho Neves, Nélio Pagani, Joelso França, Ademir Leopoldo e Loro. Quem não se recorda da música “Czardas” tocada por Pedrinho Neves que o eternizou e ficou na história de Santana. Quem passou por Santana e curtiu tudo isso, sabe o quanto foi bom!

Os Vibrantes: Nélio Pagani, Ademir Leopoldo, Loro, Pedrinho Neves e Joelso França, na sede do Minerasil Futebol Clube.

Czardas é uma dança tradicional da Hungria. O nome é derivado de Csárdo (termo Húngaro de taberna). Quando de minha viagem a Budapeste, capital da Hungria (setembro/2010), tive o prazer de participar de um jantar típico e assistir a um show com a tradicional música cigana húngara. 


Cantor húngaro, tocando "Czardas" para nós, em um jantar tipico com tradicional música cigana húgaro, em 03/09/2010, em Budapeste, capital da Húngria.

Lembro-me da primeira vez em que usei meias de fios de seda, em um dos bailes de Santana, onde o fio deveria ficar reto na parte de traz da perna. Nos bailes as mocinhas ficavam sentadas, na mesa esperando ser convidada para dançar. Os moços se aproximavam, com toda educação, e convidava a moça para dançar ao som de uma linda melodia. Em todos os bailes sempre eram acompanhadas pelo irmão mais velho, mães e pais.

Hoje, sinto falta de tudo aquilo que vivenciamos em Santana e pena dos jovens de agora que não sabem o que deixamos para trás. Quantas saudades daquele tempo, onde tudo eram magia e encantamento!

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

IRAÍDES PIOVESAN - FILHO DE SANTANA-URUSSANGA-SC


Iraíde Antônio Piovesan, nascido no dia 17 de janeiro de 1949, na Vila Operária de Santana, em Urussanga-SC, casado com Janea Cadorin Piovesan, também nascida em Santana-Urussanga-SC.

Iraídes Piovesan é Diretor corporativo da Satc e membro da Associação Empresarial de Criciúma, a Acic.

Foi   o convidado do Café da Tarde, do dia 16 de outubro de 2011, pela Rádio Eldorado, relembrando com o repórter Denis,  os bons momentos vividos na juventude em Santana, filho de pai carpinteiro. A comunidade de Santana prosperou e foi projetada com o advento da indústria carbonífera.

Aos saiu de Santana, mudando-se para Içara e aos 17 anos ingressou na Satc, pólo até os dias atuais da educação técnica na região sul. “O internato cria um laço de amizade muito forte, em 1965. As realidades dos alunos eram muito parecidas, vindos de cidades do interior. Na época, a disciplina, provinda do ensino dos Irmãos Maristas- parceiros da Satc - era rigorosa, mas necessária. Guardamos boas lembranças da época, e aquele internato era muito bom, pena que não existe mais”, relembra.

A questão do esporte, na época, era muito forte, iniciando o ápice de times memoráveis como Metropol e o nosso Minerasil, por exemplo. E lembra também do próprio engajamento com a classe estudantil daquele período. Iraíde Piovesan foi líder do grêmio estudantil e participava de programas de rádio, interagindo com a comunidade, ressaltando também o apoio dos Maristas, aconselhando os jovens sobre as ações.

Iraídes Piovesan e esposa Janea, genuinamente santanenses, sempre presentes nos encontros dos Amigos de Santana. Nosso abraço a este casal e amigos maravilhosos!

Iraídes Piovesan, chegando para o encontro dos amigos de Santana. Aqui cumprimento os amigos na concentração do Espilão/Pilon

Iraídes cumprimento Nélio Pagani, no 2º encontro.


Iraídes, cumprimentando Rui Silvino, santanense e ex aluno SATC. Abaixo a esposa Janea Cadorin, também santanense.

Iraídes e Janea, chegando para o 3º encontro dos amigos de Santana.

Baiano, Iraídes e irmão, no pátio da igreja de Santana, recordando os bons tempos.


domingo, 4 de setembro de 2011

MARION: A GRANDE DESTRUIDORA DO MEIO AMBIENTE

A Marion ficou marcada na história e na memória dos habitantes da região carbonífera do sul de Santa Catarina, sobretudo em Santana, Siderópolis e região como a grande destruidora do meio ambiente.
Marion em Santana, Siderópolis e região.

Por onde passou, deixou marcas de destruição ambiental. Com suas conchas gigantescas destruía tudo o que vinha pela frente, que além da vegetação engolia também o solo. A mineração a céu aberto até a chegada da gigantesca Marion era considerada uma atividade normal aos olhos de quem viveu em Santana, Siderópolis e região na época dos anos 70, mas hoje é relembrada com tristeza por conta da destruição que deixou na natureza.

Contam algumas pessoas que quando a Marion se deslocou de Siderópolis para Santana, o proprietário ia cortando madeiras com toras de 300 polegadas e fazendo uma esteira para ela passar.  Toda aquela madeira ia ficando igual ao bagaço da fibra da cana de açúcar, após o processo de operação de moagem nos engenhos. A Marion detonou todos os rios que encontrou desde Siderópolis até Santana.

Nos buracos cavados pela Marion, formavam-se pequeno lagos amarelados. Dezenas de espécies foram destruídas em nome do que, na época, se entendia como progresso. Progresso esse promovido a custa da vida de pessoas, da degradação ambiental e do enriquecimento dos mineradores.

Progresso que reunia a lógica do capitalista; a ganância inconseqüente dos proprietários de Carboníferas e a submissão das autoridades, resultando em fulminante destruição, comparável a uma guerra atômica, “num inferno de crateras entregues à erosão”. Tudo em nome do progresso “se as gigantescas escavadeiras revolvem o solo, para racionalizar a céu aberto a extração do minério com o mínimo de esforço e o máximo de rendimentos, transformou de outro lado o paraíso verde num inferno de crateras entregues à erosão”.


Marion

Padre Agenor Neves Marques em História de Urussanga nos relata o que o Progresso fez com a nossa querida Santana:

“Se das escuras galerias sai a luz, é lá que o mineiro encontra as trevas de sua vida; se no seio da terra se acumulam as forças do progresso, é nas suas entranhas que o homem esgota as suas  energias; se as sólidas veias de carvão o proporcionam vida às cidades, as veias líquidas da terra, os rios, perderam por completo a vida; as mesmas cristalinas águas, que lavam a moinha para os fornos de coque, logo a seguir, poluídas, contaminam as vargens, esterilizam as sementes, silenciam as atafonas, os moinhos e as fecularias; se as gigantescas escavadeiras revolvem o solo, para racionalizar a céu aberto a extração do minério com o mínimo de esforço e o máximo de rendimentos, transformam de outro lado o paraíso verde num inferno de crateras entregues à erosão; se o braço jovem se contratou para a mina, deixou à agricultura o braço cansado do velho colono, a olhar melancólico o abandono da terra e a morte dos parreirais.”

A Marion - símbolo da destruição ambiental - foi desenvolvida em Ohio, nos Estados Unidos e tinha capacidade de produção de 650 metros cúbicos por hora.

SETE DE SETEMBRO EM SANTANA, DE OUTRORA


Recordo-me saudosa do desfile de Sete de Setembro em Santana; era um dia festivo!  Lembro-me dos entediantes ensaios pelas ruas, nos quais percorríamos, marchando, subindo e descendo, até os arredores do cinema e escritório da Minerasil/CCU.  Hoje, não existem desfiles de Sete de Setembro, como outrora. Não se ouve mais o tocar da alvorada que de madrugada, pelas ruas de Santana, unia as vozes da banda (deixando a eterna rixa de lado) e acordava todos os moradores com o hino nacional, hino da bandeira e o hino da independência.

Desfile de Sete de Setembro em Santana era assim: Tudo de bom. Final da década de 60, início da 70.
Bons tempos aqueles! Santana, poluída pelo carvão, transformava-se em um verdadeiro mar verde e amarelo. Enfeitava-se toda para ver seus filhos marcharem com as cores do Brasil. A bandinha tocava o hino nacional. Diversos pelotões vestiam-se de verde, amarelo, azul e branco. Os professores, sempre e sempre, vestiam brancos e azuis.
Pelotão das cores da bandeira, com saias brancas e as blusas: verde, amarela, azul e branca. Ao lado a professora, Olanda Torres Barbosa, vestida de azul e branco. Final dos anos 60 e início dos 70.
A bandeira nacional vinha à frente, no alto, no meio, imponente, abrindo o desfile, balançava com o vento.  Mais abaixo, a bandeira estadual e municipal.
Aqui, mostra a imponente bandeira nacional, à frente, no alto, no meio da estadual e municipal no desfile de Sete de Setembro, pelas ruas de Santana. Final dos anos 60 e início dos 70.
Há 196 anos, em Sete de Setembro de 1822, o Príncipe Regente, D. Pedro I, com o grito do Ipiranga “Independência ou Morte”, às margens do Rio Ipiranga, onde está localizada a cidade de São Paulo, declarou a emancipação política do Brasil, que deixava de ser submissa à Coroa Portuguesa e conquistava, enfim, sua autonomia política.
Mais um pelotão, desfilando pelas ruas de Santana.  Final dos anos 60 e início dos 70.
Hoje, os alunos não precisam mais sair de casa para marcharem. O que era para ser uma data importante para nós brasileiros, foi perdendo sua representatividade e o Sete de Setembro é visto como mais um feriado no calendário escolar ou de trabalho; um dia de folga para ir ao shopping. O desfile de Sete de Setembro ficou para trás, na memória dos nossos avôs e avós e das gerações dos anos 50/60 e início dos anos 70.
Outro pelotão. Final anos 60 e início anos 70.
O civismo, que representa o Sete de Setembro, resumiu-se ao símbolo do Google (que nem brasileira é) pintado de verde e amarelo. O povo que troca o dia do nascimento de Jesus pelo dia do papai Noel está se americanizando. Isto é não ser brasileiro!

Outro pelotão. final dos anos 60 e início dos anos 70.
Em Santana, tanto no primário quanto no ginásio, éramos obrigados a decorar o Hino Nacional, o Hino da Bandeira e  o Hino da Independência. Tínhamos até uma matéria chamada “Educação Cívica”. Lembro-me que a professora era a dona Diva, que cobrava de nós em cada prova a letra do Hino Nacional e dos demais hinos. Os hinos representavam uma manifestação de nossa identidade nacional. Eram grande fontes de estudos históricas na compreensão das ideologias e questões que marcaram a construção da República do Brasil. Não podíamos errar a letra.
Mãe, com filhos e amiguinhos, posando para a foto, juntamente com a bandeira nacional, em um Sete de Setembro no final dos anos 60 e início dos anos 70, em Santana.
Todos os dias, antes de adentrarmos a sala de aula, em posição de sentido, tínhamos que cantar, completamente desafinados, o hino nacional; se errávamos tínhamos que repetir quantas vezes necessário. Ficávamos horas e horas debaixo de um sol a pino, preocupados em não errar a letra. Hoje, os alunos cantam e quando cantam, mascam chicletes e de boca aberta, fazendo de conta que cantam.  Absurdo, também, os jogadores da nossa seleção brasileira mascar chicletes enquanto cantam o hino nacional brasileiro. Não existe mais respeito com o nosso hino nacional.
O civismo, que representava o Sete de Setembro. O respeito que se tinha pela bandeira nacional, que em Santana era hasteada todos os dias, antes das aulas. Aqui sendo hasteada pela nossa saudosa e querida professora, Chica. Por onde será que ela anda?
Eu, particularmente,  nunca perdia uma corrida de Ayrton Senna, - um dos nomes mais vitoriosos da história do esporte -. Porque sabia que ele ia hastear a bandeira do Brasil e cantar o hino nacional. Um verdadeiro patriota que amou verdadeiramente o Brasil. Um mito, uma lenda conhecida em todos os cantos do planeta. Motivo de orgulho para todos nós brasileiros que ele fazia questão de realçar, mostrando a bandeira do Brasil, em suas vitórias.

A bandinha de Santana. Final dos anos 60 e início dos anos 70.


Amigos de Santana.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

HOMENAGEM AOS MINEIROS DE SANTANA

Devemos sempre fazer memória de nossas perdas, lembrando com saudades dos 31 mineiros mortos em 09 de setembro de 1984, em Santana-Urussanga-SC. Heróis que ajudaram a construir a história de Santana. “A imagem sempre viva de um herói” que não temia a “treva subterrânea”. Do “soldado heróico do labor constante”. Essa é a imagem que devemos guardar em nossa memória do “destemido trabalhador” que foram.

Segue a poesia de Mário Belolli e José Pimentel, que retrata a vida de um mineiro:

Tu és na sucessão das horas lentas
A imagem sempre viva de um herói,
Que a história cada vez mais ilumina
E a voragem do tempo não destrói

Teu corpo suarento e empoeirado
Esgueira sinuoso a galeria,
A treva subterrânea indiferente
Ganhando alegre o pão de cada dia.

Soldado heróico do labor constante,
Que o mundo bronze forças a cantar,
Acende a luz do teu gasômetro
E vem nosso destino iluminar.

Os trabalhos nas minas são sempre lembrados como destruição e “morte aos pulmões”, como “tosses abafadas”, “soluços sufocados”. O nosso Padre Agenor Neves Marques chamava as galerias de “Sinuosas catacumbas enxofradas de pirita”, vejamos o poema deixado pelo saudoso Monsenhor Agenor Neves Marques:

(...) No charco das galerias,
Sintuosas catacumbas
Enxofradas de pirita,
Aspiro a nuvem maldita,
Que penetra disfarçada
Levando a morte aos pulmões.

Há mil tosses abafadas,
Mil soluços sufocados,
Quando a rafa faz o corte
Entre gemidos de morte,
Que perpassam como espectros
No rumor das explosões (...)
O mineiro trabalha sobre tensão nas galerias escuras, a morte espiona, ameaça e mata. As minas de carvão e o trabalho tenso dos mineiros também foram fontes inspiradoras para os poetas, conforme descreveremos abaixo a letra de um poema escrito por Alvino Cabral, que trabalhou em minas de carvão, com a poesia chamada “A vida do mineiro”.

A VIDA DO MINEIRO

Triste vida de um pobre mineiro
Que trabalha com muita tensão
Descendo pro fundo da mina
Sem saber se volta ou não

Botando o pé na gaiola
Já leva uma vela na mão
Deixando a família em casa
Esperando ganhar o pão

Chegando ao fundo da mina
Larga a cesta e sai trabalhando
Logo vê o estralo da madeira
É sinal que está recalcando

O coitado como é tarefista
O perigo ele vai enfrentando
Ali mesmo ele fica esmagado
Pelas rochas que vem desabando

Na boca do poço um sinal
Anuncia um desastre que deu
O guincheiro puxa devagar
Anunciando o que aconteceu

Tirando de dentro de um carro
O mineiro todo espedaçado
Logo vem a família correndo
Abraçando o seu corpo gelado

No outro dia pelos bares
Só se ouve o dizer dos mineiros
Lamento num aperitivo
Perdemos mais um companheiro

A sua família enlutada
Sentindo a separação
Está é a vida do mineiro
Que trabalha debaixo do chão

Podemos concluir, através dos poemas acima, que o trabalho em minas de carvão é extremamente penoso; que abreviou a morte de muitos pais de famílias que em nome do progresso e, sobretudo, pela ganância inconseqüente dos mineradores resultou numa destruição total. Santana foi tão destruída que com a passagem da Marion foi comparável a uma guerra nuclear, os rios, solo, ar e seres humanos foram violentamente dilacerados pela ganância incontroláveis dos mineradores.

Santana um paraíso verde foi transformado num inferno de crateras e erosão. Quantos colonos tiveram que abandonar suas terras e verem seus parreirais de uvas, suas hortas morrem.

Atualmente o que podemos perceber é que a atividade da mineração do carvão em condições tão insalubres está perdendo a importância que teve outrora. Será que precisaria existir mineração de carvão? Valeu a pena tanto trabalho, tanto esforços, tantas mortes, tanta poluição e destruição do meio ambiente para empobrecer os mineiros e enriquecer as mineradoras. Não sabemos responder, a realidade está nos mostrando o estrago feito pela mineração do carvão por onde quer que haja mina.

Enfim, criou-se uma legislação preocupada em proteger o Meio Ambiente.

Amigos de Santana.


segunda-feira, 29 de agosto de 2011

TRÁGICO 10 DE SETEMBRO DE 1984, EM SANTANA

Nestes 10 de setembro de 2018, há 34 anos, não temos nada a comemorar só a recordar da terrível explosão ocorrida dentro do painel seis da mina de carvão da CCU – Companhia Carbonífera de Urussanga (atualmente, Carbonífera Rio Deserto Ltda), que ficou marcada na memória de todos nós santanenses. A causa da terrível explosão até hoje não foi concluída. Não se sabe ao certo se foi causada por descuidos dos mineiros ou pela falta de segurança e negligência da mineradora.

  
Mina que explodiu em 10/09/1984, em Santana, municipio de Urussanga-SC.

A explosão, causada pelo acúmulo de gás, aconteceu às 5h10min, logo no início do turno de trabalho, matando 31 mineiros, a 80 metros de profundidade, na maior tragédia da mineração brasileira, deixando tristeza, saudade e perplexidade em toda a comunidade.

                              
Este mineiro nos mostra como era feita a segurança na mina de sal de Wieliczka, próxima à cidade de Cracóvia, na Polônia para que não houvesse explosão com o metano. Eles queimavam o gás  manualmente, que  se acumulavam na parte superior das galerias.


As perícias realizadas apontaram a causa como o acúmulo de gás metano devido ao não funcionamento dos exaustores de ventilação, ocasionado pela queda de energia que ocorreu em Santana um dia antes do acidente.
  
Na Mina de Sal, em Cracóvia, na Polônia, a  preocupação com a segurança do metano era muito grande. O metano é um gás que acumula ao longo das escavações, na época não havia um método eficaz de ventilação. Os mineiros usavam lamparinas com fogo aberto para queimar o gás metano para que ele não se acumulasse nas galerias.

Grandes exaustores ventilam as minas para levar ar puro e expulsar metano. Um gás inflamável, que se desprende naturalmente. Segundo revelado pelo engenheiro da USP, Dorival Barreiros: “Houve falha de energia elétrica em diferentes momentos e por alguma razão em uma dessas falhas os ventiladores não foram religados pela empresa” e sem ventilação, o painel seis foi tomado pelo metano. Um isqueiro ou um fósforo podem ter causado a explosão. Uma faísca elétrica é outra causa possível.

Conforme relatórios apresentados, asfixia e queimaduras foram as causas das mortes dos mineiros. Entretanto, a razão exata da explosão ainda é um mistério. Nenhum mineiro que estava no painel seis saiu com vida para relatar o que realmente ocorreu, portanto o mistério continua. Há 30 anos!


O mineiro, usando lamparina para queimar o metano para que não se acumulasse na parte superior das galerias. Isto, na Mina de Sal de Wieliczka, que faz parte do patrimônio da Humanidade, próxima de Cracóvia, Polônia.

Os 31 mineiros mortos na explosão de 10 de setembro de 1984, em Santana – Urussanga-SC, na Mina da CCU (Companhia Carbonífera de Urussanga – atualmente, Carbonífera Rio Deserto Ltda):

Antonio Acedir da Silva – Urussanga
Antônio Elizário Mendes – Lauro Muller
Aloísio Schmidt – Santana
Arestides José Goulart – Santana
Cesário Borba Camilo – Santana
Dionísio Modelon da Silva – Santana
Ederli Melo – Santana
Euclides Ronsani – Santana
Francisco Jeremias – Santana
Gilmar Belmiro Ribeiro – Barro Branco
Hedi Cesário Scarabelot – Rio Carvão
Itamar Belmiro Ribeiro – Lauro Muller
Jair Mendes – Itanema
Jaime Alfredo Coelho – Lauro Muller
Jorge José Pereira – Lauro Muller
Luiz Carlos Galdino – Rio América
Luiz Carlos Leopoldino – Itanema
Luiz da Cruz – Lauro Muller
Luís César Cardoso – Barro Branco
Paulo Rogério Alves – Rio América
Pedro Engel José – Estação Cocal
Pedro Paulo Leopoldo – Rio América
Reginaldo Araújo – Santana
Ronaldo Francisco dos Santos – Santana
Santos Tezza – Lauro Muller
Vanderlei Mendes – Santana
Valdir Machado – Santana
Valdemiro Fioravante Bonot – Itanema
Vilmar Fernandes Madeira – Lauro Muller
Volnei Dalazen – Itanema
Wilson Cláudio Miranda – Urussanga.

A tragédia deixou marcas nos moradores de Santana. A empresa mineradora, embora pago as indenizações, tentou jogar a culpa da explosão nos mineiros.

Verdade ou não, vejamos o relato do nosso amigo santanense,  Rodrigo de Bona Sartor: Resgate dos mineiros no Chile: Recebemos com muita alegria a noticia do resgate com sucesso dos 33 mineiros no Chile e ao mesmo tempo vem a tona o acidente em Santana que em 10 de setembro de 1984 tirou a vida de 31 mineiros. Nessa época, lembro-me que iniciava o curso técnico de mineração na SATC e isso ficou marcado na memória. Aqui precisou acontecer esta tragédia para que as pessoas que trabalhavam na mineração de carvão fossem tratadas com mais respeito. Penso, hoje, que naquele dia bastaria uma pequena atitude como religar os exaustores e não deixar aquelas pessoas baixarem a mina enquanto não se dissipasse os gases, teria evitado aquele acidente.

A mina ainda existe em Santana, entretanto não funciona mais. Está cheia de água e a  que desce dela, segundo alguns entendidos, está totalmente contaminada por enxofre, contaminando outras vertentes existentes na região.

Fátima Boava.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

INFÂNCIA EM SANTANA


A infância de Santana (antigamente) era tão diferente da infância de agora. As crianças quando não estavam na escola se ocupavam com as brincadeiras de ruas, esconde-esconde, carretilhas, espetar prego na rua, amarelinha, pular corda, petecas, desenhar com giz no fogão de lenha. Televisão não existia e computador era considerado “assombração”.

Infância em Santana era subir em árvores para brincar de Tarzan, jogar bola no meio da rua, era fazer manha e tentar esconder a arte para não apanhar dos pais.

Infância em Santana era ir dormir cedo, era não ter acesso a alguns programas “impróprios”, era ver o pai escutando o Repórter Esso pela rádio Farroupilha, de Porto Alegre.

Infância em Santana era juntar ovos das galinhas para fazer bolo de aniversário e depois passar o dedo e feliz dizer: “Ta gotoso!”.

Infância em Santana era tomar banho de chuva, sair descaso pelos córregos. Era a escola, a merenda (sopa com bastante tempero verde), servida na hora do recreio.

Quem não recorda da sopa com bastante tempero verde do Grupo Escolar Lucas Bez Batti? Era esquecer-se do dia da prova. Era brigar com os colegas e fazer as pazes minutos depois. Era ter muita tolerância...

Que saudade daqueles tempos...

Nos dias de ventos as criançadas desciam a rua com um cata vento, feito de folhas de eucaliptos enfiado em um prego. Nos dias chuvosos os pais inventavam um tipo de acampamento no meio da sala, usando a mesa como cabana, rodeando-a com lençóis e toalhas e a criançada jogava jogos, feitos em cartolinas ou com giz no chão da sala, cantavam coisas bem simples era bem mais divertido que vídeo game, computador e shopping.

Hoje, ao cair à chuva, corremos para casa e criamos calos nos dedos de tanto apertar o controle remoto e os botões do vídeo game. Ficamos com L.E.R (Lesão por Esforço Repetitivo) de tanto forçar o mouse. Não há criatividade, o computador cria os jogos. Não há espaço para imaginação. A única imaginação é ir às Casas Bahias, nos Magazines Luiza ou em outras lojas qualquer e adquirir um computador parcelado a perder de vista.

Ah, como foi boa nossa infância em Santana! Hoje a infância é outra! Os brinquedos são outros! Os tempos são outros! As amizades são outras. A infância de outrora foi substituída por uma nova sem qualquer tipo de motivação. Vamos voltar a ser criança e levar a vida com mais leveza!

Amigos de Santana

Taisinho, em brincadeira de Tarzan.

As crianças de Santana, brincando de dançar

Crianças de Santana, brincando de cantar.

As sobrinhas da Tina, brincando na chuva.


Assim, foi nossa infância em Santana.