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quarta-feira, 9 de novembro de 2011

AS IRMÃS BENEDITINAS DA DIVINA PROVIDÊNCIA

As irmãs Beneditinas da Divina Providência assumiram missão  importante na vila operária  de Santana, nas décadas de 50/60, ou seja, fizeram parte da época do ouro em Santana: Irmã Emanuelle, Irmã Honorina (vinda da Itália) e Irmã Egidia, que atendendo aos apelos dos donos da – MINERASIL - Mineração Geral do Brasil, na pessoa do Sr. João Gabriel Macari, foram prestar assistência social as família mineiras da vila operária de Santana. Eram contratadas, inclusive com carteira assinadas e segundo nos afirma a irmã Emanulle (85 anos): “Naquela época recebia-se um bom salário”.  Conta-nos ainda a Irmã Emanuelle que: “além do salário recebido todo mês, os donos da MINERASIL manifestavam seus reconhecimentos aos trabalhos prestados por elas com gratificações de finais de cada ano de trabalho.”

A missão das irmãs era: orientar, educar e disciplinar as famílias de acordo com os ensinamentos bíblicos, sempre sob a orientação do SESI e os conselhos dos mineradores da MINERASIL.

Contou-nos a Irmã Emanuelle, 85, anos, que aceitou o convite do dono da MINERASIL para prestar assistência social às famílias dos mineiros em Santana, porque era um trabalho que estava de acordo com a sua formação religiosa, pois as famílias eram desprovidas de tudo. Não tinham médicos, não tinham assistência religiosa, lhes faltava tudo. Disse que o dono da MINERASIL entrou em contato com o SESI  e pediu para elas irem trabalhar com as famílias de Santana.

As famílias eram numerosas e como as casas eram muito pequenas, elas reivindicaram junto aos mineradores casas com mais quartos a fim de acabar com o “amontoado” de filhos e pais num mesmo quarto. Com a ajuda das irmãs as próprias famílias começaram a construir um “puxadinho” rente a casa para morarem. A mineradora oferecia as madeiras e os donos construíam o seu “puxadinho”.
Alunas do curso das irmas.
Exposição dos trabalhos feitos.

As irmãs ensinavam tudo para as famílias, inclusive a terem o seu próprio “quintalzinho de verdura”, seu “jardinzinho”. Não havia separação e nem cercas nas casas.

Através do SESI, as irmãs também ofereciam uma série de cursos manuais, exclusivamente paras as mulheres de Santana, sempre com o objetivo de torná-las donas-de-casa excelentes, mães, esposas e filhas que soubessem cumprir o seu real papel na sociedade.
Outro grupo de alunas das irmãs

Os cursos ensinados pelas irmãs eram: cortem de costura, bordados, culinária, medicina caseira, tricô, crochê, educação para o lar. Com isso muitas mulheres se tornaram profissionais, vindo a confeccionar trabalhos manuais para fora, vindo pessoas da região e até mesmo de Florianópolis a contratar trabalhos de bordados, lençóis e enxovaizinhos de neném em Santana. Trabalhos que eram muito bem feitos.
Dia de formatura.

O dia de formatura destes cursos era comemorado com grande estilo e solenidade oficial. Participavam, além das alunas e familiares, as autoridades do SESI e mineradores acompanhados de suas esposas.
Dia de formatura, aqui a irmã Egidia, entregando o diploma de corte costura para Zélia Constâncio.

Irmã Egidia, entregando o diploma para Coca Urbano.

As irmãs Emanuelle, Honorina e Egidia, trabalharam em Santana entre 1959 a 1964, ou seja, até a venda da MINERASIL para a CCU.
Outro grupo de alunas das irmas.

Santana foi construída em torno da MINERASIL - Mineração Geral do Brasil, mais tarde incorporada pela Companhia Carbonífera de Urussanga-CCU (atualmente empresas Rio Deserto Ltda). Tão logo incorporada pela Companhia Carbonífera de Urussanga-CCU, as irmãs que tantos benefícios prestaram à vila de Santana foram mandadas embora, sem quaisquer argumentos que pudessem justificar suas permanências em Santana. Os novos compradores da MINERASIL, não aceitaram que elas permanecem na vila de Santana, inclusive transformaram suas residências em casa de moradias para os Engenheiros das minas. Esta será uma nova história a ser contada.

PROGRESSO X PROBLEMA SOCIAL


Santana, nas décadas de 1940/1950, confrontou-se com dois cenários unidos pelo progresso e pelos problemas sociais, que marcaram épocas.

O progresso propiciado pela extração e comercialização do carvão que gerava riqueza para o município, como nos conta Valmor de Bona Sartor: “- quando era época de pagamento desciam ônibus lotados dos moradores de Santana que iam fazer compras no comércio de Urussanga”.  Dizem, inclusive, que Urussanga existe, graças à vila operária de Santana. Todas as decisões políticas importantes da região carbonífera eram decididas em Santana.

O problema social decorrentes das péssimas condições de trabalho e moradia da classe operária mineira.

O outro lado do progresso era registrado com epidemias, mortalidade infantil, crianças abandonadas e acidentes na mineração que preocupavam a população da região e do estado.

Para amenizar a situação por que passava a vila operária de Santana, foi criada um Plano de Assistência Social que estabelecia programas distintos para meninos e meninas, homens e mulheres, evitando desvios que eram considerados perigosos, tornando menos árduo com a chegada das irmãs beneditinas da divina providência na vila operária de Santana, contada numa nova história.