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sábado, 20 de agosto de 2011

AS ESCOLHEDEIRAS DE CARVÃO

O início da extração de carvão em Santana, era feita por meio de galerias que Iniciavam nas encostas de morros e chegavam a uma extensão de até 1.500 metros, e em determinada distância se ramificavam. Naquela época não tínhamos poços artesianos. Os mineiros com picaretas, sapatões e carregando o seu gasômetro iluminavam as jazidas para extrair o carvão.

O carvão extraído era transportado para fora em vagonetas, empurradas pelos próprios mineiros ou, às vezes, puxadas por bois. Fora das galerias, o carvão era colocado em cima de uma mesa ladeada por até 130 mulheres, as quais eram denominadas "escolhedeiras". Cada mulher era munida de uma pequena picareta que servia para quebrar a pedra, separando metal, barro e carvão.

Entre tantas que estavam nestas frentes de trabalho, lembramos das senhoras: Isaltina Fernandes Madeira, Laura Citadini, Vilma Wasielevski, Chica Venceslau, Leninha, Plácida Fernandes Madeira, Carmela Furlaneto, Fernanda Miranda, Alice Mello, Rosália Fernandes Madeira, Mariquinha Venceslau, Valquíria Adriano, Maria Morais, Pedro Vitorino e Delícia Inês Miranda, Conforme foto abaixo.

Na escolha, as escolhedeiras despejavam as padiolas de carvão escolhido numa peneira grande, de onde vinha o fiscal, fiscalizar e retirava a sujeira misturada com o carvão.

Conta Plácida que quando o fiscal encontrava muita sujeira misturada com o carvão escolhido, a escolhedeira além da multa não recebia a sua chapinha.

Quando não encontrava nenhuma sujeita no carvão escolhido, o mesmo era colocado em caixotes de madeira, os quais, cheios, eram apresentados ao fiscal, que entregava uma ficha de metal, conhecida por chapinha, para controle, já que as escolhedeiras ganhavam por produção e muitas não sabiam ler, nem escrever.

As escolhedeiras eram muito unidas, quando um fiscal decidia multar ou punir uma das escolhedeiras tinha que suportar os olhares condenatórios das demais, pois na maioria das vezes eram vizinhas, parentes ou comadres.

Em Santana, as multas eram motivos de muitos conflitos, provocando revolta e indignação entre escolhedeiras e fiscais, já que por quaisquer pedrinhas elas eram multadas. O salário que recebiam não era suficiente para a manutenção da família, cada família tinha, em média, 10 filhos, que dependiam daquele salário para sobrevivência.

O trabalho de escolhedeira exigia esforço e determinação, mas contam que era divertido. Elas levantavam de madrugava, lavavam os rostos em pequenas bacias de alumínios ou em gamelas, preparavam as bolsas de café com pão. O café era colocado em garrafa de vidro e tomado frio. Naquela época não existia garrafa térmica, o almoço era levado em panelinha pelos filhos, irmãos ou pelas almoceira (pessoa contratada só para levar o almoço quentinho para seu pai, irmãs, irmãos e outros mineiros). Elas trabalhavam das 07h00min às 17h00min.

Plácida lembra saudosa: “quando íamos para a escolha era muito divertido, nós íamos em grupos, passávamos uma na casa da outra, íamos até cantando, batíamos fotos. Era muito divertido. Era uma bagunça só “.


As escolhedeiras da esquerda para a direita: De pé: Isaltina Fernandes Madeira, Laura Citadini, Vilma Wasielevski, ......, Chica Venceslau, Leninha, Plácida Fernandes Madeira, Carmela Furlaneto, Fernanda Miranda, Alice Miranda  Mello, Rosália Fernandes Madeira. Sentadas: ......., Mariquinha Venceslau, Walquiria Adriano, Maria Morais, Pedro Vitorino e Délicia Inês Miranda.

Amigos de Santana

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