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terça-feira, 5 de junho de 2018

DIA DO AMIGO DE SANTANA


No dia quatro de junho, por vontade de Santanenses e por Lei Municipal, comemora-se o DIA DO AMIGO DE SANTANA.

Parece-me ou me consta que nesta data, na mente de todo Santanense, de nascimento ou de adoção, ressurgem lembranças, histórias, fatos, ações e também muitas estórias 
Ah! Estavam me esquecendo, tantas e quantas saudades.

Lembro-me, a minha primeira incursão à Santana, deu-se no ano de 1952, quando na carroceria de um caminhão Ford, saímos da Vila de São Marcos, em Criciúma, para uma verdadeira aventura. Fomos visitar o tio João Urbano, irmão da minha saudosa genitora. Fixei na minha mente a Santana horizontal, a sua "vila operária", o cinema, a sua rua principal e, a tosca rede elétrica que fornecia "luz" a todas as casas.

Alguns pedaços das conversas dos adultos me marcaram e nunca esqueci. Santana tinha energia elétrica nas casas, São Marcos, onde morávamos, não tinha. Percebi que os "mineiros" tinham uma admiração especial ao dono da Companhia, que fiquei sabendo, ser o “Velho Barbado”, João Gabriel Macari. Meus tios falavam com alegria de ali residirem e trabalhar numa boa companhia. Vejo a "invejinha" que nos tomou, quando orgulhosos mostraram o lindo Cartão de Natal que haviam recebido do Patrão. 

Bem, em 1958, eu interno do Seminário de São Ludgero;  meu pai foi contratado, pelo Velho Barbado, para ser o Capataz Geral da Mina de Santana. Eu só cheguei em dezembro daquele ano, para passar uns trinta dias de férias.

Procurei de pronto fazer uma comparação com os dias de quando lá estive, seis anos atrás. Não fiz uma comparação das coisas físicas, mas do sentimento é da visão que me permearam nestas duas incursões que fiz à localidade.

Como foi interessante descobrir como diferente é, ser visitante e a sensação de ser morador!

Santana tinha uma agência do SESI, um mercado de secos e molhados e um trabalho social executado por três Irmãs Beneditinas da Divina Providência, irmã Egídia, Irmã Emanuelle e irmã Honorina,  esta última como Supervisora e vinda da Itália.

Como era Seminarista, logo fiz uma grande amizade com elas, até porque tinha carona todos os domingos para ir à Missa, na Matriz de Urussanga. Construção arquitetônica que de pronto, elegi como uma das mais belas Igrejas que já tinha visto.

Mas, que dizer hoje da Santana daqueles tempos, sessenta anos atrás? Contar histórias e reverter para o real da estórias dos fatos e das pessoas que lá encontrei e com as quais comecei a aprender conviver com uma comunidade bem diversa da que vivi antes? Não, não fazer nesta hora um arremedo da história, mas de novo, dizer das diferenças que ocorreram, agora sim, fisicamente, da Santana nestas seis décadas.

Ah! O Mato Laje e seus sete ou dez mil hectares de mata de primeira geração, cortado pelo Rio Lajeado, de águas límpidas e geladas; do Cinema onde além dos filmes, não raras vezes apresentavam-se artistas nacionais; do movimento de pessoas, mulheres, à frente do Escritório para pegar o famoso "vale" com o qual faziam o rancho mensal, no SESI ou na venda do Guerino; o sentimento de grandeza por ter o Cabo Aéreo, transportador do ouro negro ali extraído para a caixa de embarque em Urussanga; o trabalho das Freiras em cursos de culinária, bordados e costura; o clube de Jovens, com suas ações, onde se criou um grupo teatral, que fez uma estréia brilhante, com a sala super lotada; dos grupos de Terno de Reis e do Boi de Mamão; das festas religiosas na pequena capela de madeira; das tardes gloriosas no Estádio Sérgio Domingues, onde dificilmente visitante vencia o Minerasil; da mesa de pingue-pongue, onde se jogava diariamente, mas o frenesi era nos domingos à tarde, onde nos reuníamos para jogar, trocar conversas e somar ideias; 

Santana era como se uma ilha fosse. A população ali fazia movimentar o comércio haja vista as dificuldades de transporte e comunicação. Os jovens não tinham como sair nos fins de semana o que fazia que os róis de amigos fossem de amizades quase fraternas. 

Assim, nestas linhas faço um ensaio não da história, mas do sentimento de saudade e das perdas que o modernismo fez desaparecer nestas dez décadas em que ali vivi, residindo e cuidando dos laços familiares e de amigos. Amigos estes que na sua maioria, foram morar longe ou chamados para outra vida. Toda e qualquer oportunidade que vou à Santana, as histórias de muitos deles, fazem meu coração e minha alma sentirem o calor de suas amizades.

Aos santanenses um forte sentimento de saudades e à espera de um grande abraço no dia do Encontro dos Amigos de Santana.

Por Juceli Antônio Francisco

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